quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Que Parva que eu sou"


Ouvir esta música dos Deolinda faz-me abanar a cabeça em sinal de concordância, como acredito que faça a outros tantos milhares neste país. Esta letra é só o retrato mais que perfeito da nossa actualidade. A minha geração e as próximas têm no futuro um enorme ponto de interrogação. E negro, muito negro.
Eu, que sou uma miúda mais perto dos 30 que dos 20, sou obrigada a ter um discurso antiquado, se assim lhe posso chamar. Empregos para a vida e a segurança implícita num diploma? Nah... Isso era há uns anos, agora já não se usa.

Com sorte, começo a fazer descontos lá para os 40, aos 50 penso em ter filhos e, tendo em conta que nessa altura a idade da reforma deve estar nos 120 anos, aos 70 estou rija para trabalhar e subir na carreira. 


(Fica aí a letra da música, só para dar um colorido à coisa.)

Que Parva que eu sou (letra)


Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.


Sou da geração 'casinha dos pais',
se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.


Sou da geração 'vou queixar-me para quê?'
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

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