sábado, 12 de março de 2011

Cinto? Mas qual cinto?

Portanto, mais umas medidas de consolidação orçamental - vulgo austeridade - para animar a malta, não é? Pois que sim, que era mesmo aquilo que nós queríamos ouvir. Há lá coisa melhor?? Claro que não.
Acho o timing quase perfeito. Dois dias depois de o PR, na sua tomada de posse, ter gritado aos sete ventos que o governo não pode pedir mais sacrifícios aos portugueses e um dia antes da manifestação da já conhecida Geração à Rasca. Acho que, no mínimo, é estar a pedi-las...
Portanto, há medidas previstas na saúde, nas transferências do Estado para outros subsectores e nas contribuições sociais, entre outras áreas. A mais comentada hoje, sendo também aquela que mais me salta à vista, é o congelamento das pensões na função pública e a contribuição especial que será aplicada a pensões acima dos 1500 euros. Acho particular graça à expressão "contribuição especial".  O "especial" dá ali um toque de requinte, sei lá. À primeira vista, leva a pensar que as pessoas abrangidas são especiais, não é? Pois, mas não... Não é por aí. (E pergunto eu... Mas essas pessoas não contribuíram já com descontos durante toda a vida activa? Contribuição especial porquê?)  
Eu gostava era de ver a malta do governo a ter os tom@tes no sítio uma vez que fosse  e a abdicar dos ordenados indecorosos em prol da consolidação orçamental. Falar da fome dos outros, quando se tem a barriga cheia, não apresenta grandes dificuldades, de facto... É o habitual. (Desculpem a linguagem mas há assuntos que me ligam automaticamente a via do calão, é mais forte do que eu. Isso e não conseguir escrever governo com 'g' maiúsculo. É que a inicial maiúscula, além de servir para evidenciar nomes próprios, confere aquele ar repeitoso à palavra... O meu cérebro não consegue processar essa merd@ - oops! mais uma asneira.)

E o que mais virá por aí? Começo a ter medo, muito medo. É que eu tenho ali um miolo de camarão congelado - comprado em promoção no Natal passado - e qualquer dia o governo decreta que o camarão é um bem de luxo e que quem possui camarão em casa passa a pagar uma taxa especial para ajudar no combate ao défice e é uma chatice. Depois as minhas quiches de camarão, como é? Ou a minha massada de peixe - coisa boa -, que só faz sentido se tiver lá esse tipo de crustáceo? Ah pois...
E tenho cá para mim que os Censos são uma excelente ferramenta para nos descobrirem "as carecas" e virem depois cobrar por isso. Sim sim, que no meio das 3500 questões dos questionários está escondido o objectivo de perceber, por exemplo, quem toma banho todos os dias. "Com que então você gasta água para tomar banho mais que três vezes por semana? Muito bem, está multado. E ainda por cima toma banho de água quente?! Olha, este tem a mania que é lorde... Portanto, o seu ordenado vai sofrer um corte de 70%, que é para não se armar em esperto." 
O objectivo de a malta deixar de andar de carro está já a ser conseguido aos poucos. Aos preços a que estão os combustíveis, vamos começar a vender os carros e fazemos a economia mexer desenfreadamente, tal e qual um cão com pulgas.
Os órgãos de comunicação também serão prejudicados com mais este rol de medidas fofinhas. Senão, vejamos a SIC com o The Biggest Loser - versão tuga. Os concorrentes não vão ter dinheiro para comer e quando começar o programa já não serão obesos. Depois a tia Júlia como é que se desenrasca? Um problema, é o que é.

E vou ficar-me por aqui. É que este é daqueles temas que me faz inchar as veias do pescoço e me provoca pontadas nos rins. O melhor é ir dormir, até porque amanhã tenho que dar o meu contributo ao Estado, indo às minhas maravilhosas aulas de mestrado (esse passo tão importante para ser uma desempregada altamente instruída).

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