sábado, 12 de março de 2011

Da manifestação...

E superando em larga escala todas as expectativas, até mesmo dos próprios jovens, os números avançados pela generalidade da comunicação social sugerem perto de 300 mil pessoas. 300 mil pessoas descontentes com o desemprego e a precariedade laboral que assolam o país, que fizeram questão de o mostrar como há muito não se fazia neste canto à beira-mar plantado. Faço uma sincera vénia a todos aqueles que esta tarde elevaram cartazes e clamaram palavras de ordem em defesa de uma geração que também é a minha. 
Achei extraordinariamente interessante ver que foram várias as gerações que saíram à rua, e não só aquela que promoveu a manifestação nas redes sociais. Gostei especialmente de saber que novos e velhos se fizeram ver e ouvir cívica e educadamente, dando uma bofetada de luva branca a todos quantos esperavam tumultos e detenções.
Eu não estive lá. Podia enumerar umas quantas razões para não o ter feito mas a verdade é só uma… Falta de fé. Por mais que eu também esteja desmotivada, que o estou  – só quem passa pelo desemprego sabe como dói acordar todos os dias sem ter nada para fazer, o permanente sentimento de inutilidade é dilacerante -, sei que a manifestação de hoje nada irá mudar. O governo olha para o lado e assobia, como vem sendo hábito, e todos os que hoje gritaram por um futuro melhor amanhã vão continuar desempregados, com trabalhos precários ou a fazer estágios profissionais que mais não são que um balão de oxigénio com curto prazo de validade.
E o que eu gostava de estar enganada. O que eu gostava que, daqui a 20 ou 30 anos, os mais novos estudassem nas aulas de história o 12 de Março de 2011 como a data histórica em que um protesto nacional serviu de motor à mudança. O que eu gostava…

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