terça-feira, 5 de abril de 2011

Era um pratinho de bom ambiente, por favor!

Neste meu hobby diário que é a procura de trabalho na Internet, deparo-me com muitas coisas. Umas dão para rir, outras nem por isso. Mas o que me choca realmente é haver empresas que - desculpem a franqueza - com uma grande lata publicam ofertas de trabalho vergonhosas (a meu ver, claro). Exigem milhares de requisitos aos candidatos, sendo por vezes conhecimentos que nem um profissional com 20 anos de carreira consegue ter, e depois oferecem "excelente ambiente de trabalho" e "oportunidade de aprendizagem". Apenas isso. Errr... Porreiro... Só uma questão: e a remuneração? Voltamos a ler e vemos que a última alínea lembra que "as colaborações não serão pagas" porque é uma empresa bebé e blá blá blá...
Corrijam-me se eu estiver errada mas quando falamos de trabalho no sentido de actividade profissional, referimo-nos a um serviço que é pago (chama-se... salário, é isso), correcto? É tudo muito bonito mas a malta alimenta-se de quê? Uma massada de aprendizagem? Ou será uma sande de ambiente? É que não estamos a falar de estágios curriculares. Desses também eu fiz dois e acho muito bem que existam, uma vez que acaba por ser a única forma que os jovens têm de, ainda enquanto tiram o curso, contactar com o trabalho e respectivo mercado.

Eu percebo a questão de serem empresas ainda embrionárias mas acho que é abusivo e desrespeitoso publicar convites à exploração disfarçados de ofertas de trabalho. Se eu abrir uma empresa é óbvio que tenho que estar preparada para, nos primeiros meses, pagar para trabalhar. Mas a  empresa é minha, assim como o interesse em que ela vingue, logo tenho que abdicar do ordenado para que a empresa consiga crescer. Outra coisa muito distinta é eu, dona ou gestora da empresa, procurar pessoas para trabalharem para mim de borla. Pode ser só de mim mas é uma questão de princípios, até porque, que eu saiba, a escravatura no império português foi completamente abolida no século XIX.
Acho extraordinário, pronto. E depois ainda tenho que ouvir dizer que nós somos mimados e armados em coitadinhos e mais não sei quê. Mimados por não querer trabalhar de borla?! Mas há alguém que goste de trabalhar sem receber? Eu já o fiz uma vez e o que ganhei ficou bem à vista. Quando, na minha inocência, depois de alguns meses de exploração, perguntei se haveria hipótese de um contrato... Apontaram-me a porta da rua. É disto que o nosso país é feito.

4 comentários:

  1. Hoje em dia já não há contratos para ninguém, trabalhas durante um certo tempo e depois "goodbye" venha outro. Isto agora é melhor ter uma horta e plantar qualquer coisa para não morrer à fome...

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  2. Tal e qual. Isto está mau e vai ficar pior, infelizmente. Nos dias que correm, até arranjar um trabalho precário é difícil, quanto mais um contrato...

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  3. Opá...tantos que encontrei assim...
    Vi um que dizia que a remuneração era o nome aparecer nos créditos do produto e "ficará para sempre no nosso coração"...
    Os meus pais tb viram e caiu-lhes tudo!
    É incrível!
    Eu n quero ficar no coração de ninguém, não sou a Madre Teresa de Calcutá que se contentava c isso...!

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  4. Podes crer. É vergonhoso, não tem outro nome. Eu acho incrível é publicarem este tipo de coisas com toda a naturalidade do mundo.

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